Laurinha sempre foi uma menina muito curiosa. Ela perguntava sem parar:
– Papai, por que os peixes podem respirar debaixo da água e eu não?
– Mamãe, por que você chora quando descasca cebola?
– Vovó, por que o vovô não tem cabelo?
Por quê? Por quê? Por quê? Essas eram as palavras que Laurinha mais falava durante o dia.
Na escola, a professora estava sempre dando respostas às perguntas da menina curiosa. Até mesmo os coleguinhas ficavam em apuros com tantas perguntas. Algumas eram bem engraçadas, como esta: Por que o cachorro lambe a água ao invés de beber? Rá, rá, rá… Outras perguntas eram profundas e faziam gente grande pensar: Por que existem tantas crianças abandonadas na rua?
Mas Laurinha não gostava apenas de fazer perguntas, ela também gostava de descobrir as coisas e fazer experiências…
Num domingo, bem cedinho, a família de Laurinha se aprontava para fazer um passeio na casa da vovó Nice. Ela morava em uma linda chácara, com muitas árvores frutíferas, horta, jardim, etc. – espaço de sobra para as aventuras e descobertas. Lugar perfeito para Laurinha!
A vovó Nice e a mamãe conversavam sobre o que fariam para o almoço. Foram até a horta colher verduras fresquinhas: alface, cenoura, couve, salsinha e cebolinha, para deixar tudo bem saboroso. Enquanto isso, o vovô e o papai conversavam sobre a construção do galinheiro.
Galinheiro? Sim, na chácara havia muitas galinhas. Elas botavam os ovos que eram utilizados para fazer bolos e tortas. Vovô também ganhava um dinheirinho vendendo ovos aos vizinhos.
Vovô Jorge havia comprado muitos pintinhos para aumentar a produção de ovos. Eles estavam presos em um cercadinho improvisado com alguns pedaços de madeira. Era preciso fazer um galinheiro bem rapidinho, porque aqueles pintinhos logo, logo estariam grandes e faltaria espaço no cercadinho.
Laurinha ficou muito interessada quando soube da nova casa dos pintinhos. Mais que depressa, pegou uma corda e foi para o quintal em busca de aventura. Logo avistou o cercadinho. Os pintinhos estavam todos ali, piando que só! Eram amarelos e fofos porque vovô estava cuidando muito bem deles. Não deixava faltar ração, água fresquinha e mantinha o ambiente bem iluminado e quentinho.
Fazia bastante calor, e Laurinha não parava de suar. Ela viu até um pintinho se molhando no pote de água… Imediatamente, pensou: “Bem que eu poderia refrescar os pintinhos. Poderia usar a mangueira para eles pensarem que é a chuva caindo. Vou fazer chuva para os pintinhos!”
E lá foi a menina… Sorrateiramente, pegou a mangueira e começou a “brincar” de molhar os pintinhos. Eles piavam; parecia que estavam gostando muito, e Laurinha se divertia. Depois de alguns minutos, os pintinhos estavam encharcados. Ela decidiu fechar a mangueira e procurar outra aventura: pulou corda, correu atrás do gato, subiu no pé de laranja, colheu jabuticabas e foi para casa almoçar. Mas Laurinha se esqueceu dos pintinhos molhados.
Depois do almoço, vovô convidou todos para verem os pintinhos. Ao chegar próximo ao cercadinho, ele percebeu algo estranho. Os pintinhos não piavam, estavam todos encolhidos num canto. Vovô não escondia a preocupação; ele sabia que os pintinhos precisavam ser mantidos aquecidos. É por isso que a mamãe galinha acolhe os pintinhos embaixo das asas!
Laurinha ficou muito triste e começou a chorar. Não podia imaginar que a ideia de fazer chover no cercadinho poderia machucar os pintinhos. Vovô olhou para a menina e agachou para secar as lágrimas que lhe escorriam pelo rosto. Ele explicou que a curiosidade é algo muito bom e nos ajuda a fazer muitas descobertas, mas é preciso ter cuidado para não machucar a si mesmo ou aos outros. Depois de aquecidos, os pintinhos voltaram a piar. Que bom, hein, Laurinha?
Sandra Aragão