Quantos motivos você tem?

O que mais poderia dar errado naquele dia? Léo se jogou no sofá com a cara emburrada e um carrinho quebrado na mão. Quando a mãe passou por ali, ficou olhando para o garoto esparramado no sofá, tentando decifrar o motivo do bico.

– Que bicho mordeu você, filho? – disse, tentando quebrar o gelo.

Ele respondeu num fio de voz que ela quase não conseguiu ouvir:

– Nada não…

É claro que tinha acontecido alguma coisa! Quem ficaria com aquele bico sem motivo? A mãe se sentou ao lado do filho e insistiu na conversa.

– Ah, mãe… Tudo deu errado comigo hoje: esqueci de levar meu trabalho pra escola, levei um tombo na hora do recreio e todo mundo ficou rindo de mim, e agora acabei de quebrar meu brinquedo preferido. Esse é o pior dia de todos!

A mãe se levantou e pegou um jornal dobrado que estava na mesa. Passou algumas páginas e esticou o jornal para o menino.

Léo olhou desconfiado para o jornal e leu a manchete: “Crianças e moradores de rua sofrem com o frio da capital.” Ao lado da notícia estava a foto de uma garotinha enrolada num papelão. O garoto engoliu em seco.

– Esse é o pior dia de todos pra você, Léo? – disse a mãe. – Olhe pra sua casa, veja sua cama quentinha, a comida no fogão, a roupa na gaveta… Acho que você tem mais motivos para agradecer do que para reclamar, não é?

Você também já se esqueceu de agradecer pelas coisas que tem? Lembre-se: sempre há uma razão para ser grato.

Texto: Anne Lizie Hirle