Beto sempre gostou muito de animais. Mas ele não tinha nenhum bichinho de estimação e, por isso, gostava de brincar com a gatinha do Sr. Antônio. Era uma gata muito bonita chamada Mimi.
A gata era grande e mansa, e ficava o tempo todo ronronando, bem manhosa, como se tivesse a melhor vida do mundo. Ela sabia caçar ratos. Sabia se enrolar ao sol. Dava enormes saltos do chão para o alto do muro, do alto do muro para o chão. Tomava banho, lambendo o próprio pelo (às vezes, os gatos fazem umas coisas esquisitas!). Mimi sabia fazer muita coisa, mas não sabia cuidar de si mesma nas ruas.
Beto passava todos os dias pela casa do Sr. Antônio quando ia à escola. Ele ficava por ali, esperando até a gata aparecer no jardim. Então ele a acompanhava pela calçada e, quando chegava a hora de atravessar a rua, Beto a pegava nos braços e a levava para o outro lado, onde havia uma peixaria. Mimi gostava muito de peixes. Depois de ganhar um bom pedaço de peixe e acomodá-lo na boca, Beto a pegava novamente nos braços, atravessava a rua, deixava-a na calçada e a vigiava até que estivesse em casa, sã e salva. Só depois disso, ele continuava o caminho para a escola.
Um dia, Mimi não apareceu no jardim da casa do Sr. Antônio. Que estranho! Beto esperou, esperou, esperou. Quando ouviu o sinal da escola tocar, ele saiu correndo, mas preocupado por não ter visto sua amiguinha.
No dia seguinte, Beto parou novamente em frente à casa do Sr. Antônio, esperando por Mimi, mas ela não apareceu. O que teria acontecido?
Passaram-se dois, três dias… Nem sinal de Mimi.
Beto se sentia muito triste no caminho para a escola. Ao passar pela peixaria, alguns dias depois, parou de cabeça baixa, com saudade da gata. Enquanto pensava, um vulto atravessou de repente diante dele, correndo para a rua. Que susto! Beto deu um pulo. Era Mimi, que corria sem direção, passando na frente dos ônibus e dos automóveis.
Beto esperou até o semáforo ficar verde. Então atravessou a rua e pegou Mimi no colo. Primeiro, ele a levou para ganhar um bom pedaço de peixe. Depois, voltou com ela nos braços para o outro lado da rua. Dessa vez, ele não a deixou na calçada, mas a levou até o portão da casa do Sr. Antônio. Queria ter certeza de que ela estaria a salvo. Ele tocou a campainha e a dona da casa veio atender.
– Aqui está a Mimi, Dona Júlia – disse o Beto.
– É você que leva nossa gatinha à peixaria todos os dias? – perguntou a mulher.
– Sim, sou eu – respondeu o garoto.
– Então venha comigo – falou Dona Júlia.
E ela levou Beto até a parte de trás do quintal.
– Tenho uma coisa para lhe mostrar.
Beto ficou curioso. Dona Júlia abriu uma grande cesta. Que surpresa!
Havia ali três gatinhos. Todos machos. Dois eram brancos e o outro era todo malhadinho, de nariz branco.
– São filhotes da Mimi. Você gostaria de ganhar um gatinho destes? – perguntou Dona Júlia ao Beto. – Se quiser, pode escolher um deles. Você foi bondoso com a Mimi tantas vezes. Tenho certeza de que cuidará de um de seus filhotinhos com o mesmo amor!
Por uns minutos, Beto nem podia falar. Era tão grande a felicidade, que ficou sem palavras. Quando conseguiu, disse:
– Posso ficar com o branquinho da esquerda, que se parece com a Mimi?
– Claro – respondeu a mulher.
Agora, Beto tem um gatinho só seu, que ganhou o nome de Mimo e com quem ele já vive grandes aventuras.