O que importa neste jogo

Mãe, eu ganhei de novo no jogo! – disse Fernando, entrando em casa animado.

– Ai, que suado! Não senta aqui! – ordenou Carol, deitada no sofá.

– Parabéns! – cumprimentou a mãe. – Antes de um abraço de boas-vindas, vá tomar um banho.

Quando Fernando saiu do banho, o pai o cumprimentou, e ambos conversaram animados sobre as duas vezes seguidas em que o time de Fernando havia ganhado o jogo (naquele dia e no dia anterior).

– Amanhã tem jogo de novo, e semana que vem também.

– É, filho, mas lembre-se: o importante não é ganhar; o importante é se divertir.

– Mas eu é que não quero perder!

Os dois começaram a rir. Fernando disse que tinha entendido a parte séria, e eles se despediram.

No outro dia, a mãe levou Fernando ao jogo e, quando percebeu que vários pais ficaram para ver os filhos jogando, também decidiu ficar para assistir ao jogo.

Então, a mãe e Carol se sentaram na arquibancada. Carol reclamou um pouco, pois não estava muito animada para assistir à partida, mas acabou concordando em ficar.

De repente, o jogo começou a ficar interessante: 1 a 0 para o time do Fernando. A plateia ficou de pé; ia ser um gol e tanto do Fernando, se a defesa não fosse tão boa.
Mas o que foi aquilo? Um gol contra! E do Flávio!

Quando voltou a receber a bola, Flávio chutou-a na direção certa e fez o gol: 2 a 1 para o time do Fernando. Como a tranquilidade do time era grande, os jogadores se descuidaram; e o time adversário fez um gol. Fernando ficou arrasado.

Com o jogo empatado depois dos dois tempos, eles partiram para os pênaltis. Nos tiros livres, o único gol foi feito pelo time adversário, e eles venceram o jogo. Fernando ficou mais arrasado ainda.

Na volta para casa, o garoto estava bravo, reclamando do juiz, do gol contra, da torcida, do time todo

– Filho, não podemos ganhar sempre; é como diz o ditado: o importante é…

– Eu sei, eu sei – Fernando interrompeu a mãe. – Mas eu não gosto de perder!

– Nem eu, mas acontece.

Em casa, Fernando ficou amuado no quarto. Nem valia a pena narrar o jogo para o pai. Mais tarde, alguém bateu à porta do quarto do garoto.

– Entra.

– Oi! ­­­– começou Carol. – Quero dizer que eu gosto de ver vocês jogando.

– Sério? Por quê?

– É que eu acho que vocês persistem. Vocês não desistem, mesmo quando perdem; e é isso que vale. Vocês são um ótimo time, e você, o melhor jogador.

Fernando sorriu.

Eles saíram do quarto, e a mãe comentou:

– Ah, que legal! Irmão e irmã juntos! Muito bem! E parece que entenderam que o importante é se divertir.

– Mas eu não quero perder – disse Fernando piscando para a Carol, e os dois deram uma boa risada.

 

Texto: Giovanna