Certa vez, um faroleiro
Por nome de Eleutério
Ficou bem apavorado
Por causa de um mistério.
Toda noite, o pobre homem
Acendia o farol antigo,
Mostrando aos marinheiros
Se havia algum perigo.
Mas, depois de uns tempos,
Começaram a acontecer
Coisas muito estranhas,
Fazendo Eleutério tremer.
Um barulho no farol
Era de arrepiar o cabelo.
E surgia uma sombra enorme.
Parecia um pesadelo!
O que poderia ser aquilo?
Quem sabe, uma assombração?
Eleutério não sabia,
Mas não queria isso, não.
Passou a acender a luz
Bem antes de escurecer.
O sol ainda estava alto?
Ele nem queria saber!
Mas isso não estava certo,
Não podia ficar assim.
E resolveu investigar
Pra o mistério ter um fim.
Então, em uma noite escura,
Subiu degrau por degrau,
Tomando todo o cuidado
E quase passando mal.
Quando chegou lá em cima,
Já no finzinho da escada,
Olhou para todos os lados.
Ali não havia nada!
Eleutério se escondeu
Perto de um grande baú,
Para não ser encontrado
E não dar aquele rebu.
Passaram-se os minutos,
E nada acontecia.
Eleutério ficaria ali,
Mesmo que raiasse o dia.
De repente, um barulhão!
Um som realmente feio
De onde teria vindo?
Daquela janela que veio!
Com tudo avaliado,
Eleutério se preparou.
Pegou uma vassoura velha
E, devagar, se aproximou.
Foi chegando de mansinho,
Esticou bem o pescoço.
Queria ver de pertinho
De onde vinha o alvoroço.
Sabe o que foi que ele viu?
Você não vai acreditar!
Um pelicano molhado
Estava ali pra se secar.
Fazia isso todas as noites
Para se secar e se aquecer,
E sua sombra projetada
Fazia Eleutério tremer.
Imagine, que loucura!
Esse caso é mesmo insano!
Onde já se viu homem barbado
Com medo de pelicano?
Eleutério conta isso rindo.
Pra ele, foi uma lição!
Agora, chega de medo!
Não existe assombração!
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