O livro de Tarore

Quase 200 anos atrás, o povo maori, na Nova Zelândia, teve um pedaço da Bíblia em sua própria língua, mas muitos não sabiam ler. Missionários que tinham visitado aquela tribo ensinaram uma garota chamada Tarore a ler. Assim, Tarore de 12 anos, lia histórias de Jesus para seu povo, a tribo Waikato.

Tarore mantinha o livro em um pequeno saco de linho, que ela deixava pendurado no pescoço. Todas as noites, o Chefe Nagkuku, que era pai de Tarore, e todo o povo se reuniam para ouvir enquanto Tarore lia.

– Perdoem e vocês serão perdoados – lia a garota. – Perdoem até setenta vezes sete.

– Quando você lê, minha filha – começou o Chefe Ngakuku – o Grande Espírito fala comigo.

– Sim, papai, Jesus fala comigo também. Ele diz: “Ame o Senhor teu Deus de todo o teu coração, de toda a tua alma, de todo o teu entendimento, e ame o próximo como você ama a você mesmo.”

Ngakuku percebeu que aquele livro era especial. Ele contava que Deus havia enviado Seu Filho para morrer por todos e salvar a todos nós, incluindo o povo Maori. Ele compreendeu que o Filho de Deus tinha sido punido em nosso lugar, para que pudéssemos ser perdoados. Assim, tanto Ngakuku quanto Tarore se tornaram seguidores de Jesus. Mas a tribo tinha um grande problema.

– Chefe Ngakuku, estamos em apuros – avisou um mensageiro. – A tribo Rotorua está invadindo todas as tribos ao longo do Waikato. Seremos a próxima. Precisamos fugir!

Ngakuku decidiu levar seu povo para Tauranga. Eles estariam seguros lá.

No entanto, a jornada da tribo foi interrompida. Uma noite, enquanto eles estavam acampados perto das Cataratas Wairere, a fumaça de sua fogueira atraiu um grupo de ataque de Rotorua.

Ngakuku ouvi-os se aproximando e conseguiu resgatar seu filho caçula e alguns dos outros. Ele os escondeu no meio do mato, enquanto uma terrível batalha se formava no acampamento. Foi tudo muito rápido e terrível! Quando acabou, Ngakuku percebeu que alguém estava faltando.

– Onde está Tarore?

Ah, não! Ela estava morta! E o saco de linho que pendia de seu pescoço tinha sido levado.

– Vingança! – gritaram os guerreiros. – Tarore está morta. Vamos matar as filhas deles também!

– Não! – respondeu o Chefe Ngakuku. – Vamos seguir as palavras do livro de Tarore. O grande Deus que eu aprendi a amar vai cuidar da vingança.

Quem havia roubado o livro era o Chefe Uirá. Primeiro, ele jogou o livro de lado, pois não encontrara nada de valor nele. Uirá não sabia ler, então não viu utilidade para ele.

Algum tempo depois, o pequeno livro foi encontrado por um escravo chamado Ripahau, que estava passando por Rotorua. Ele tinha aprendido a ler e pôde contar às pessoas daquela tribo o que estava escrito ali. Todos, até mesmo o Chefe Uirá, se reuniam para ouvir Ripahau ler sobre Jesus e o amor de Deus para as pessoas.

– Faça para os outros o que você quer que eles façam para você. Ame seus inimigos. Faça o bem aos que odeiam você.

Enquanto Ripahau lia o livro, a palavra de Deus conquistava o coração da Uirá. Um dia, ele falou:

– Vou ser um seguidor de Jesus. Vou procurar Ngakuku e dizer a ele que sinto muito pela morte de sua filha. Vou lhe pedir perdão.

Então Uirá foi até Ngakuku e pediu desculpas por tudo o que havia feito e foi perdoado. Foi assim que o pequeno livro de Tarore, finalmente, trouxe paz para ambas as tribos.

Texto: Sueli Ferreira de Oliveira