A avó de Amanda não queria que o dia de cortar a árvore chegasse, mas o tempo passou e o dia chegou. Ela havia deixado passar o tempo em que os passarinhos fazem ninhos e criam famílias e havia deixado passar também o tempo das frutinhas.
A família de Amanda chegou justamente no dia em que o imenso caminhão estacionou em frente à casa da avó.
– Deem uma boa olhada. É a última vez que vocês a estão vendo aqui em pé – disse uma desconsolada avó.
Os homens do caminhão pegaram seus equipamentos, escadas e serras, e puseram mãos à obra começando a cortar os lindos galhos carregados de folhinhas verdes.
Não havia outro jeito! As raízes do velho fícus estavam colocando em perigo a estrutura da casa da avó. Ele havia crescido com as crianças da casa, era como um velho amigo. Amanda pensava que não era justo colocarem a árvore no caminhão. Se era um ser vivente, devia
ser enterrada.
Depois que os homens do caminhão foram embora levando a grande árvore, Amanda foi dar uma espiada para ver se sobrara alguma coisa, uma pequena parte da árvore, mas ficou muito desapontada. Viu apenas pó de serragem. Já ia embora quando percebeu uma plantinha em forma de uma vareta.
“Ah! Eu acho que eles deixaram uma parte da árvore”, pensou ela.
Amanda se abaixou e pegou aquela plantinha com um pouco de terra.
Buscou uma pá na garagem da avó, fez um buraco e plantou aquela plantinha sem folhas. Apertou a terra em volta dela e saiu toda satisfeita. Passou o outono, veio o inverno e, finalmente, chegou novamente a primavera.
A classe de Amanda começou a se preparar para o Dia da Árvore. A professora pediu que todos os alunos escrevessem uma redação sobre árvores para participarem de um concurso. Quem escrevesse a melhor ganharia um prêmio. Amanda participou brilhantemente escrevendo sobre o fícus da casa da avó. Ficou com o terceiro lugar.
Vários dias mais tarde, Amanda foi visitar a vovó.
– Tenho uma surpresa para você, vovó – disse ela, entregando a redação sobre o fícus.
A avó leu e ficou bastante comovida.
– Eu também tenho uma surpresa para você – disse a avó.
E a levou para o fundo do quintal, perto da cerca. Amanda ficou perplexa, pois ali em meio a alguns matinhos estava uma planta mais comprida que já tinha algumas folhinhas e eram folhinhas de fícus.
A vovó disse que aquela mudinha não podia ficar ali e Amanda ficou de pensar em um lugar melhor para transplantar o fícus.
No dia seguinte, na escola, a professora informou que em alguns dias teriam a cerimônia do plantio de uma árvore. Ela também disse que esperava que um dos viveiros de plantas da cidade fornecesse uma muda em tempo para essa ocasião.
De repente, Amanda teve uma grande ideia: “Não precisamos de uma árvore de viveiro! Eu tenho uma.” Então ela contou à classe a história da plantinha que havia encontrado na casa da vovó.
Naquele Dia da Árvore, Amanda se posicionou junto aos líderes da cidade para a cerimônia do plantio de mais uma árvore. Quando chegou o momento em que o prefeito cavaria a primeira porção de terra com a pá, ele a entregou a Amanda. Muito feliz e com cuidado, ela retirou a primeira terra para preparar um lugar muito especial para plantar aquela muda de fícus.
Uma cerca rodeia a árvore que, até hoje, continua dando sua sombra e pequenos frutos. Ao lado, há uma placa com a data, a ocasião e o nome científico do fícus. Mas a melhor parte é o que está um pouco acima, em letras maiúsculas: O FÍCUS DE AMANDA.
Ani Köhler Bravo