Lâmpadas e patins

O tão sonhado presente de aniversário estava finalmente em cima da cama.

– Quero sair logo pra andar de patins, mãe – disse Patrícia. – Podemos ir àquele parque que tem pista para patinadores?

– Boa ideia, filha! No domingo podemos ir bem cedo; assim você tem a pista vazia por um tempo e pode ir treinando.

E foi exatamente o que fizeram. No dia combinado, Paty acordou animada, pronta para estrear seu presente. Assim que chegou, foi logo calçando as meias e os patins. Ajeitou aqui, apertou um pouco ali e… levou um escorregão antes mesmo que pudesse ficar de pé.

– Primeiro você precisa treinar nas barras – disse o pai. – Só depois que estiver com equilíbrio e mais segurança é que você pode ir andando sem se segurar em nada.

A menina não gostou da ideia:

– Mas aí não tem graça nenhuma, pai. Desse jeito, vai parecer que eu não sei andar de patins.

– Filha, ninguém nasce sabendo. Antes de ser bom em alguma coisa, você precisa praticar, começar devagar… – interrompeu a mãe.

Paty ouviu o que os pais diziam, mas não quis aceitar. Na verdade, ela queria mesmo era sair andando de patins como as pessoas faziam na pista, dando giros e pulando obstáculos.

– Eu prefiro tentar sem essa barra – disse contrariada. – Não deve ser tão difícil assim.

– Tome cuidado, filha. É melhor você começar deva… – a mãe nem terminou de falar a frase e a garota caiu de joelhos na pista.

Envergonhada, ela limpou as joelheiras, olhou para os pais que estavam ao lado das barras de apoio e tirou os patins dos pés.

– Então vamos embora. Eu não sei mesmo andar de patins. Nunca vou aprender.

– Mas essa foi sua primeira tentativa, filha. Você já vai desistir? – insistiu a mãe.

– Imagine se Thomas Edison, o inventor da lâmpada, tivesse desistido no primeiro fracasso? – emendou o pai.

A garota olhou para o pai, não entendendo a comparação:

– Como assim?

– Antes de criar a lâmpada, ele tentou e errou mais de 500 vezes, filha. Imagine só! Não foram duas ou três vezes apenas. E o que ele fez? Continuou tentando, até conseguir.

Patrícia olhou para os patins que estava segurando. Passou o dedo pelas rodinhas, que começaram a girar. Continuou assim por alguns segundos, até que respirou fundo e decidiu:

– Tem razão! Eu não quero desistir!

– disse sentando-se no chão para calçar os patins. – Por enquanto vou usar as barras, mas vai ser por pouco tempo.

– Não tenha pressa, filha. Talvez você ainda caia algumas vezes, mas o importante é nunca desistir – disse o pai.

– Espero não errar tantas vezes como o moço da lâmpada, pai. Haja joelhos! – falou caindo na risada.