– É melhor descer daí! A mamãe já falou que não gosta quando você sobe aí – falou Rubens ao pé da estante.
– Deixe de ser medroso, Rubens! – respondeu o Cadu. – E a mamãe só vai saber se você contar.
Rubens suspirou e procurou fazer outra coisa em vez de ficar fazendo vista grossa para seu irmão. Resolveu ler umas revistas que tinham acabado de chegar. Estava entretido quando escutou uma voz:
– RUBENS! RUUUU-BENS!
Ao chegar na sala, viu Cadu sentado no chão
– O que foi? – perguntou Rubens.
– Comi uma bala da mamãe, mas era ruim e fiquei com dor de barriga.
– Bala da mamãe? Que bala?
Cadu apontou para um pacote que estava na estante. Era uma caixa com uma foto do que pareciam ser balinhas.
Isso aí não é bala; é o remédio que a mamãe começou a tomar depois que machucou o pé! – falou preocupado. – Ela não vai gostar de saber que você tomou isso.
– Então é só não contar! – emendou Cadu.
– Como eu não vou contar? Pode fazer mal – Rubens estava preocupado. – Vou falar pra mamãe.
– NÃÃÃÃO! – gritou Cadu.
– Eu preciso contar, Cadu. Esse remédio pode fazer mal.
– Se você contar, eu nunca mais vou ser seu irmão – e fechou a cara – nem seu amigo.
Rubens viu quanto o irmão ficou chateado. Mesmo assim, resolveu contar pra sua mãe. Preocupada, ela levou o garoto ao hospital. Cadu, que achava que a mãe iria brigar, se surpreendeu ao ver que ela estava mais preocupada do que brava.
– Papai, vai ficar tudo bem com o Cadu? – perguntou Rubens na sala de espera do hospital.
– Vai sim, filho. Os médicos já estão cuidando dele. Você fez muito bem em contar para a mamãe. Para um adulto, esses comprimidos não são tão fortes, mas pra uma criança podem fazer muito mal.
Rubens se sentiu mais tranquilo. Mesmo que o irmão não o perdoasse, sabia que foi a melhor coisa a fazer. Logo Cadu e a mãe saíram da sala. Ao lado deles, vinha o médico.
– Você que é o Rubens? – perguntou.
Rubens acenou que sim com a cabeça.
– Você fez muito bem em contar o que seu irmão fez.
O médico olhou para o Cadu e disse:
– Esse remédio poderia ter feito muito mal para você. Por isso, sempre conte para sua mãe, pai ou irmão se estiver sentindo alguma dor, combinado?
– Tudo bem… – respondeu envergonhado.
Depois que tudo estava resolvido, voltaram para casa. Ao chegar, a mãe foi preparar uma sopa.
– Cadu, hoje você fez duas coisas erradas: me desobedeceu ao subir na estante e comeu uma coisa que não devia.
Cadu olhava pra baixo.
– Desculpa, mamãe – falou baixinho.
Ela sorriu carinhosamente.
– Seu irmão fez a coisa certa em me contar. Não fique magoado com ele.
– Vocês dois devem contar tudo o que acontecer. Nunca escondam nada da gente – completou o pai.
Cadu se levantou, foi até o irmão mais velho e o abraçou:
– Você me desculpa por ter falado que não queria mais ser seu irmão e seu amigo?
Rubens o abraçou de volta.
– Eu sempre vou cuidar de você, maninho! – falou Rubens.
– Obrigado, manão! – respondeu Cadu.
Rubens e Cadu entenderam por que não deviam esconder nada dos pais. E todos comeram uma deliciosa sopa de batatas.
Texto: Rogério