Daniel pensava: “Ah! Se eu pudesse construir um planador, poderia voar como um pássaro por cima da copa das árvores.”
Naquela noite, ele apresentou a ideia ao pai. Disse que, se pregasse placas leves umas nas outras e as cobrisse com um tipo de papel especial, com certeza conseguiria voar. Mas o pai lhe disse que isso não funcionaria e que achava que um garoto da idade dele não teria capacidade de voar em uma engenhoca produzida por ele mesmo.
Daniel ainda tentou argumentar com o pai de que havia lido um livro sobre Santos Dumont, brasileiro que se destacou na área da aviação, mas o pai, naquele momento não quis mais falar sobre o assunto e disse a Augusto que mais tarde voltariam a falar sobre isso. O garoto, no entanto, não desistiu e colocou mãos à obra, coletou material, e esse assunto agora era o único em sua cabecinha. Nas semanas seguintes, ouviam-se as marteladas de Daniel tentando construir uma engenhoca que voasse. As crianças da vizinhança também só falavam nisso. Um amigo, o Jonas, acompanhava tudo de perto.
– Daniel, quando você acha que o seu planador estará pronto? – perguntou Jonas.
– Amanhã de manhã! – disse Daniel todo confiante.
O dia seguinte amanheceu brilhante e claro, colaborando com a aventura de Daniel. Sua máquina o deixava orgulhoso; era um pouco pesada, é verdade, mas tinha duas asas. A cauda traseira não se parecia nem um pouquinho com as fotos que vira nos livros, mas tinha certeza de que, com bastante vento, não haveria perigo de um mergulho nasal. Tudo parecia estar pronto, até Jonas chegou cedo para assistir à demonstração.
– Uma coisa mais – disse Daniel a Jonas. – Vou deixar uma corda amarrada à máquina para que, quando eu estiver cansado de voar, você possa me puxar de volta, certo?
– Você acha que isso vai funcionar? – perguntou Jonas. – Meus pais acham que esta máquina não funcionará.
– Assim é que todos os adultos agem – respondeu Daniel. – Eles pensam que sabem tudo. Precisam que alguém lhes mostre que às vezes estão errados. Eu entendo sobre planadores, li muito sobre isso.
Então, Daniel entregou a ponta da corda para Jonas e disse que, assim que ele estivesse no ar, daria uma volta por cima da casa. Os dois então perceberam que Jonas não poderia ficar com a ponta da corda, a não ser que acompanhasse o planador dependurado. Assim, Daniel levou a corda consigo e, no momento oportuno, a jogaria para Jonas.
Eles estavam perto de um barranco alto que era de onde Daniel sairia voando em seu planador. Em poucos segundos, Daniel acomodado no planador, saiu correndo. Deixou o sólido chão lá em cima, do alto do barranco, para alcançar diretamente… o chão lá em baixo. O que aconteceu? É difícil de explicar! A verdade é que Daniel estava no chão e não voando. Ali estava ele no meio de um montão de papel e madeira rasgados e quebrados.
Essa experiência mostrou a Daniel que teimosia e não ouvir conselhos dos mais velhos pode levar a consequências desagradáveis.
Texto: Ani Köhler Bravo