Bruna e Juliana eram irmãs. Juliana tinha oito anos e Bruna, seis. Elas sempre sonharam em ter uma calopsita. (Se você não sabe o que é, a calopsita é uma ave pequena que tem um topete. Se criada em cativeiro, ela é dócil, mansa e muito engraçadinha também.) Certo dia, a vovó das meninas foi caminhar pelo bairro e, quando voltou, trouxe uma surpresa: uma linda calopsita. As meninas ficaram superempolgadas com o bichinho.
A mãe perguntou como a vovó havia conseguido aquela calopsita. Ela respondeu que a havia encontrado andando pela rua. Então, a mamãe avisou as meninas que iriam procurar o dono e devolver a calopsita a ele.
– Por quê? Agora ela é nossa – disse Bruna.
– Se você tivesse uma calopsita e ela fugisse, com certeza, gostaria que quem a encontrasse a devolvesse – mamãe falou.
– É. Sei que procurar o dono é o certo. Mesmo assim, eu queria muito ficar com ela – disse Juliana.
As meninas passaram a manhã toda brincando com a calopsita. Elas estavam muito felizes. E como sabiam que ficariam pouco tempo com ela, queriam aproveitar.
Quando o pai chegou do trabalho e viu a calopsita, também ficou muito feliz. Ele brincou com ela, mas alertou as meninas de que teriam que procurar o dono dela.
– Acho que é uma fêmea – falou Juliana.
– Eu também. Tem cara de Polly – Bruna falou.
– É. Polly. Gostei – disse Juliana.
Elas brincaram com Polly até a hora de dormir. Na manhã seguinte, mamãe e as meninas (que estudavam à tarde) foram procurar o dono da calopsita.
– Ah, mãe, estou triste por ter que devolver a Polly – lamentou Juliana.
– Eu também gostaria de ficar com ela… Mas, se fizermos isso, não estaremos sendo honestos. Estaremos roubando, pois a calopsita não é nossa. Foi perdida e temos que devolvê-la – explicou a mãe.
– Entendi – disse Juliana. – É igual a uma coisa que aconteceu lá na escola. Eu tinha perdido minha borracha e estava procurando por ela. Então, encontrei a borracha da Fernanda. Era muito bonita e eu queria ficar com ela para mim. Mas me lembrei do que você sempre fala: tudo o que não é nosso devemos devolver para o dono. Então, devolvi para ela.
Juliana e Bruna procuraram o dono da calopsita pela rua delas quase a manhã inteira. À tardezinha, quando o pai delas voltou, foram procurar o dono com ele e percorreram mais uma rua vizinha.
No dia seguinte, a mesma coisa, e nada de aparecer o dono. Procuraram pelo bairro inteiro, e nada. Até que chegaram à casa de uma mulher que disse que conhecia um homem na rua de trás que havia perdido uma calopsita.
Quando chegaram à casa do homem, ele confirmou que havia perdido uma calopsita. O pai das meninas disse que morava perto dali, e que a calopsita havia aparecido na frente da casa deles. Então, o senhor afirmou que a calopsita era dele. As meninas ficaram tristes, mas sabiam que estavam fazendo a coisa certa. Voltaram para casa sem a Polly. Bruna abraçou a mãe e enxugou uma lágrima.
Depois de alguns minutos, ouviram a campainha. O pai foi atender. Era o homem que tinha ficado com a calopsita. Ele estava com ela no ombro.
– Bem, a honestidade de vocês me impressionou e por isso não tive coragem de ficar com a calopsita para mim. Eu vi algumas fotos da minha calopsita e percebi que esta não era a minha – disse o homem.
Bruna virou-se para a mãe:
– Já procuramos bastante. Estou cansada de procurar. Deveríamos ficar com ela. Ou alguém pode mentir dizendo que é o dono. Por favor, podemos ficar com ela?
– Sim, querida. Fizemos tudo o que podíamos. Vamos ficar com ela – anunciou a mãe.
E você? Tem sido honesto nas situações da vida? Ser honesto vale a pena.
Texto: Giovanna Martins Borges