Katarina estava visitando a amiga Larissa e entrou toda tímida na grande casa bem-arrumada.
– Vamos até o meu quarto – falou Larissa, puxando a amiga pela mão, conduzindo-a escada acima.
A menina que a recepcionava estava arrumada como se fosse uma pequena princesa e lhe mostrou o quarto de paredes pintadas em tom de rosa claro, com delicados desenhos de borboletas, pássaros e árvores.
– Uau! Você tem um montão de bonecas! – Katarina exclamou, olhando as estantes com ursos, bonecas, casinhas e uma infinidade de brinquedos coloridos. – Vamos demorar a vida inteira para brincar com todas!
– Elas não são para brincar – disse Larissa. – São só para enfeite.
Katarina achou aquilo estranho. Afinal, para que serviria um brinquedo se não fosse para ser brincado?
Larissa preparou uma mesinha com poucas bonecas e um jogo de chá de plástico colorido. As duas meninas brincaram de casinha e de outras coisas, mas sem fazer muito barulho. O dia foi muito bacana, apesar de não poder jogar as bonecas no chão e escolher todas ou qualquer uma.
Na outra semana, foi a vez de Larissa visitar a amiga. Katarina a esperava no quintal da casa, de pés descalços na terra e de cabelo todo esvoaçado. Deu um sorriso gostoso quando Larissa chegou e já a puxou para dentro de casa, pedindo que trocasse sua roupa limpinha por uma bermuda e uma camiseta que iria emprestar. Assim que ela se trocou, a amiga levou Larissa para um quarto entulhado de brinquedos de todos os tipos, guardados em caixas e em uma estante de ferro.
– Pode escolher qualquer um – disse Katarina. – São todos brinquedos para brincar. E, quando eu não quero mais algum deles, colocamos em uma sacola e levamos para crianças que ainda queiram se divertir com eles.
As duas pegaram bonecas, ursos, vara de pescar, arco e flecha de plástico, bola e outras coisas e correram para o quintal. Ali, brincaram, gritaram, correram e se sujaram na terra. Até subiram em uma goiabeira que havia no fundo do quintal. Depois de brincarem, guardaram tudo no quartinho.
Quando a mãe de Larissa foi buscá-la, a menina parecia um tatuzinho, de tão suja. De branco, só se viam os dentes que sorriam de satisfação pelo dia de diversão.
– Gostou de brincar com a Katarina, filha? – perguntou-lhe a mãe, vendo a alegria da menina.
– Foi muito bom! – disse Larissa, irradiando alegria. – Aqui, há muitos brinquedos para brincar!
– É, acho que vamos precisar descer algumas de suas bonecas que só estão enfeitando as estantes do seu quarto – a mãe sorriu e beijou o rostinho encardido da filha.
Finalmente, ambas haviam entendido para que servem os brinquedos.
Texto: Denis Cruz
Ilustração: Ilustra Cartoon