Tati sentou-se quieta no canto da sala. Aquele era um dia muito triste: sua avó havia falecido.
– Por que a vovó morreu? – a menina perguntou ao pai.
Normalmente, seu pai explicaria tim-tim por tim-tim o que havia acontecido. Mas, desta vez, ele apenas a pegou no colo sem dizer nada.
A casa estava cheia de visitas. Os adultos cochichavam, abraçavam-se, choravam. Tati observava tudo sem entender direito o que estava acontecendo. Aonde a vovó foi? Não irá voltar nunca mais?
Quando a garota já estava ficando cansada de tantas perguntas, apareceu o tio Rodolfo, irmão de sua mãe. Até ele, que sempre fora tão sorridente, estava com o ar triste.
– Minha sobrinha favorita! – o tio Rodolfo puxou papo. – Posso saber em que a senhorita está pensando?
– Nada não, tio – Tati respondeu olhando para o teto. – Só queria entender…
– Entender o quê?
– Ah, um monte de coisa!
– Que tal perguntar para o seu tio favorito? Talvez ele possa dar uma mãozinha.
Tati deu seu primeiro sorriso daquele dia. O tio Rodolfo era realmente o seu favorito.
É, quem sabe ele poderia ajudar.
– Bom, tio. Eu queria entender melhor o que é a morte. A vovó morreu, certo? Mas… o que isso realmente quer dizer?
– Quer dizer, Tati, que ela deixou de respirar, de viver.
– Como assim?
– A morte é o fim da vida. Para a sua avó, hoje foi o último dia, como o fim de um filme.
– E para onde ela foi? Ela está no céu?
– Não, querida. Ela foi colocada em uma grande caixa de madeira, que será enterrada mais tarde.
– Mas, tio, a vovó não gosta de lugares fechados! Ela não pode ficar trancada em uma caixa. Temos que fazer alguma coisa! – Tati se levantou com um pulo.
– Não, querida. A vovó não pode sentir mais nada.
– Ah, tio Rodolfo… Por que a vovó morreu? – a menina começou a chorar.
– Tati, nós nascemos, crescemos, vivemos e, então, morremos. Acontece com todo mundo.
– Mas não devia ser assim! Eu nunca mais vou ver a vovó… – Tati chorou ainda mais.
– É, meu anjo, eu concordo com você. Não devia ser assim. Mas, infelizmente, a morte existe em nosso mundo – o tio abraçou a sobrinha e também chorou um pouco.
Silêncio.
– A boa notícia é que um dia isso vai acabar… – o Tio Rodolfo recomeçou.
– Vai acabar? – Tati ergueu os olhos.
– Vai, sim, Tati, eu acredito que a morte vai acabar, sim.
– E quando vai ser isso, tio?
– Quando Jesus voltar. Neste dia, todas as pessoas que já morreram vão viver novamente.
– Então, vou ver a vovó de novo… – a cabecinha de Tati estava a mil. – É verdade, tio Rodolfo?
– É, sim! A gente tem essa esperança. Jesus é poderoso e prometeu que viveríamos para sempre!
– Ah, que bom, que bom! Não vejo a hora disso acontecer…
– Eu também aguardo ansiosamente, querida. Será um dia maravilhoso!
Tati e tio Rodolfo se abraçaram novamente. Agora, em vez de só tristeza, o coração deles também se encheu de uma misturinha de fé e esperança.