O pai de Jorge lia o jornal acomodado em uma cadeira. O filho andava por ali, aborrecido, pois queria brincar com alguém. Não tinha irmãos e naquele momento o que mais queria era alguém para brincar com ele. De repente, ele se jogou ao chão do lado da cadeira do pai dizendo que estava muito aborrecido. Para brincar com ele, o pai respondeu:
– Muito prazer, Sr. Aborrecido. Eu me chamo Pai!
– Paaaaiiiiiii! Venha fazer algo comigo. Não tenho companhia para brincar. Vamos fazer alguma coisa divertida – propôs Jorge.
– Hummmmmm – fez o pai, coçando a cabeça. – Uma coisa divertida!? Ah! Acho que poderíamos escalar o Everest ou procurar um tesouro no mar. Melhor ainda, vamos bater os braços como se fossem asas e voar até a Lua. Que tal?
– Ah! Que coisa mais sem graça, pai – disse Jorge. – Isso aí tudo é faz de conta. Quero fazer alguma coisa de verdade. Por que a gente não brinca de pega-pega lá em baixo, no gramado do prédio?
Jorge começou a puxar o braço do pai para que levantasse, mas o pai estava cansado e não queria nem ficar em pé. O menino continuou puxando o braço até que o pai levantou, mas desabou novamente no sofá. Depois de um tempo, o pai avisou que tinha uma ideia legal. Fariam uma caminhada e, no percurso, visitariam algumas pessoas. Enquanto caminhassem, fariam exercício e ainda levariam ânimo e alegria a pessoas necessitadas.
– Ah – disse Jorge. – Não quero visitar gente velha ou doente. Quero brincar.
– Vamos fazer um trato? – falou o pai. – Visitaremos três pessoas. Depois, voltaremos para casa e brincaremos de pega-pega no gramado do prédio. Concorda?
– Tudo bem – Jorge concordou, ainda meio insatisfeito.
A primeira casa em que chegaram foi a da D. Malvina. Ela havia saído do hospital poucos dias antes. Ao tocar a campainha, ouviram o latido de um cachorro. A porta se abriu e D. Malvina apareceu. O pai foi logo dizendo que haviam passado lá para ver como ela estava. Ela os convidou para entrar enquanto segurava a coleira do seu schnauzer.
Sentaram-se enquanto D. Malvina lhes oferecia um gostoso bolo de fubá e suco. Disse que estava muito feliz com a visita deles e que os netos dela moravam muito longe e só apareciam quando estavam de férias.
D. Malvina lhes contou que Panda, uma cachorrinha, lhe fizera uma surpresa enquanto estava no hospital e até lhes perguntou se queriam vê-la. Jorge e o pai a seguiram até a lavanderia da casa, onde se depararam com seis lindos filhotes acomodados em cima de um cobertor. Ela deixou que Jorge segurasse um deles. Ele o aconchegou nas mãos e junto ao rosto. Era muito macio! Mas chegou o momento de ir embora.
– Obrigado, D. Malvina, por mostrar os filhotes da Panda – disse Jorge. – Será que poderíamos visitá-la novamente outro dia?
– Podem vir quando quiserem – respondeu ela. – Gosto muito de receber visitas.
A próxima parada foi na casa do Sr. Fontoura, que se encontrava na cadeira de balanço, olhando uma coleção de carrinhos. Jorge chegou mais perto para ver todos aqueles modelos maravilhosos. Nunca tinha visto nada igual. E parecia que, para cada um, o Sr. Fontoura tinha uma história. O tempo voou e era hora de continuar a caminhada.
– Obrigado – agradeceu Jorge. – Podemos voltar outra vez para visitá-lo?
– Claro – respondeu o homem. – Na próxima vez, vou lhe mostrar minha coleção de pedras preciosas.
Continuando a caminhada, chegaram à casa do Sr. Damasceno. Ali, Jorge realmente ficou surpreso, pois o homem possuía uma cobra como animal de estimação. Ela era comprida e lisa. Ele mostrou às visitas a licença para ter a espécime e o suprimento de ratos congelados, explicando como a alimentava.
– Obrigado por nos mostrar seu animal de estimação – falou Jorge. – Poderemos voltar outro dia para vê-la novamente?
– Gosto de visitas – respondeu o Sr. Damasceno. – Por favor, voltem outras vezes.
Mais tarde, o pai de Jorge perguntou ao filho se havia gostado de fazer aquelas visitas. Ele respondeu entusiasmado que eles tinham ido fazer o bem àquelas pessoas, mas em vez disso foram eles que saíram ganhando, com tantas coisas interessantes. Como prometido, ao voltarem, o pai brincou de pega-pega com Jorge e se divertiram até anoitecer.
Dessa maneira, pai e filho fizeram uma boa caminhada, visitaram pessoas amigas e ainda brincaram de pega-pega. Visitar pessoas idosas, que estejam doentes ou necessitadas e tristes faz um bem muito maior ao visitador.